18 de dezembro de 2015

Boas intenções: os tijolos que pavimentam o caminho ao inferno

A esquerda, de forma geral, não se preocupa com as mesmas coisas que a direita.

A esquerda é pacifista porque parece ser bom. Com isso, também é desarmamentista, defende a desmilitarização da polícia. Também defende que criminosos sofram menos com suas punições "injustas", já que são vítimas da sociedade.

A esquerda é a favor das cotas porque isso também parece ser bom. Elas querem reparar o erro histórico da escravidão, mesmo que isso tenha sido prática comum em TODAS as civilizações, em grande parte alimentada por senhores de escravos... africanos! Mas eles se sentem bem por corrigirem esses erros.

A esquerda é a favor da redistribuição de renda porque isso, aparentemente, não tem como não parecer bom. Acha corretíssimo que os frutos do trabalho de alguém que, seja vindo da pobreza, seja herdeiro legítimo de uma fortuna, entregue-se essas riquezas para quem "mais precisa". Eles podem ter feito rigorosamente nada por isso, mas "merecem".

O maior problema é que "parecer bom" não necessariamente "faz o bem". E o maior erro da esquerda é estar cheia de boas intenções que não fazem o bom a longo, médio e por vezes até em curto prazo.

3 de abril de 2013

O problema da opinião

Sabe o conceito de opinião? Então, segundo o Michaelis, tem a ver com juízo de valores, modo de ver pessoal, além de vários outros (tem o link aí, confere). E o título deste post externa uma frustração que, infelizmente, é recorrente.

Eu externei minha opinião sobre uma opinião no Facebook e isso gerou um leve descontentamento com a FORMA que a pessoa se manifestou. Foi uma comparação infeliz, e não preciso ir além disso. Daí isso respingou em outra conversa, que chegou ao ponto de alguém dizer que eu falo muita merda, ainda mais em relação a um estilo musical específico e RELIGIÃO. E aí que o calo doeu... Explico.

Eu sou ateu, mas fui crismado, toquei em banda da igreja e tudo mais. A transição deste antes para o que eu  sigo agora foi um processo curioso: eu tinha dúvidas quanto à doutrina da Igreja Católica e fui estudar outras. Como? Lendo, participando de cultos, reuniões e uma porrada de coisa que a gente faz quando estamos em dúvida. Cheguei a ir a terreiro de umbanda e tive uma conversa sensacional com um preto véio lá. Foi bem maneiro, mesmo! E eu só consegui chegar à conclusão de que, não tendo provas, não CONSIGO acreditar em algum Deus ou alguma forma originária de vida, um Design Inteligente. Simples assim.

O mais relevante disso tudo é que eu fui atrás para tentar sanar minhas dúvidas. Conversei com muitas pessoas que sabiam do que estavam falando, que tinham conhecimento e retórica boa. Mas conversei com gente que não estudou a sério o que segue. Ou recém-convertidos a um culto/seita/rito ou o que o valha, que tiveram um momento de "iluminação" e chegaram às conclusões que seguem para a vida hoje. E se eu tenho uma opinião que é julgada como MERDA em relação a algo que eu estudei, o problema não está, necessariamente, em mim.

É difícil as pessoas aceitarem opiniões diametralmente opostas às que têm para si mesmas, em um caso geral. É difícil aceitarem que eu acho o "sertanejo universitário" um belo pedaço de bosta melódica e com uma mensagem fraca e pasteurizada. É difícil as pessoas aceitarem que eu não acredito no Deus que elas seguem, com base na minha experiência de vida e conhecimento que adquiri. É difícil as pessoas aceitarem uma crítica a uma opinião mal construída que fazem comparações esdrúxulas para saírem no topo da carne seca.

Na verdade, é difícil as pessoas aceitarem que sua opinião, por mais nobre que seja seu direito de tê-la, pode ser como um iate - lindo, gigante e cheio de recursos, com um monte de gente querendo estar nele -, mas estar repleto de buracos no casco.

18 de março de 2013

Rastros

É difícil pro mais turrão dos homens assumir certas coisas. Como aquela memória específica que enche seus olhos de lágrimas ou aquele rancorzinho cretino que insiste em se manter apoiado num orgulho idiota. Homem tem dessas, de querer passar por cima das coisas como se nada de errado tivesse acontecido. Mas homem de verdade sente. E sente, principalmente, falta.

Sente falta daquele tempo despreocupado de quando era criança e sua maior obrigação era descer a rua pra jogar bola. Tá, às vezes era mandatório ganhar da rua rival. Também sente falta daquela paixãozinha besta de colégio, de quem ele lembra até hoje o nome, o rosto, cabelo. Sente falta de ser chamado para as festinhas que consistiam em correr alucinadamente e beber litros de refrigerante - que, à época, nem era tão vilão assim da dieta infantil.

Sente falta daquele frio na barriga da mudança grande na vida. Gente nova, experiências diferentes, amigos que duraram o tempo necessário pra se tornarem lembrados sempre em algumas conversas específicas. Sente falta de um grande amigo, que não falava, não entendia o que ele dizia, mas tudo parecia fazer mais sentido com aquelas horas de conversas e caminhadas pelas ruas.

Sente falta daquele prévio da fase adulta escrita do avesso. De pegar uma guitarra ou um violão e conseguir transmitir o que se passava na cabeça naquele momento. De ter amigos em várias "tribos" (puta merda, como eu odeio essa palavra), lição importantíssima que carrega até os dias de hoje. Tem também a falta daquela sensação engraçada de ter finalmente beijado a garota que tanto gostava. E ter sido retribuído, o ápice naqueles tempos.

Sente falta de tomar decisões que mudariam o curso da vida pra todo o sempre. Pro bem ou pro mal. De ter o primeiro término de namoro e aquela sensação esquisita de gritar "Liberdade!" feito William Wallace. Da primeira tragada "adulta" num cigarro, sem tossir e acendendo de primeira, pra espanto de quem assistia à cena como se fosse uma revolução na sociedade. Daquele primeiro soco em forma de porre, que serviu muito bem pra estabelecerem limites - nem sempre tão respeitados assim.

Sente falta de ter dito pra aquelas pessoas queridas que ele as ama muito, mas por algum motivo esquisito, falar "eu te amo" virou obstáculo e não uma forma de externar um sentimento bonito. E sente falta dessas pessoas, por nunca mais ter a oportunidade de vê-las. Também sente falta das mães secundárias, chamadas de avós, tias (mesmo sem nenhum grau de parentesco) ou carinhosamente por um apelido no diminutivo. Sente falta daquele grande amor, de quem se afastou por medo, receio ou alguma esquisitice cerebral. Sente falta de não saber que tinha uma esquisitice cerebral ou qualquer outro tipo de problema, também.

Só não sente falta de quando não tinha coragem de expressar a falta que sempre sentia.

15 de outubro de 2012

Planilha (de meados de 2002)

O homem é um animal muito engraçado. Falo “homem”, mas me refiro à espécie homo sapiens. Sim, claro que a parcela masculina desse bizarro ser é deveras intrigante, mas as fêmeas também tem seus caprichos e esquisitices. Vale lembrar, também, que esquisitices não são, necessariamente algo negativo - muito menos pejorativo. É a definição da espécie; somos todos esquisitos. Fazemos planos absurdos, traçamos resoluções de ano novo, ensaiamos na frente do espelho o que dizer pra pessoa amada - ou odiada-, inventamos desculpas absurdas para chefes, etc. Porém, o caso que venho tratar é de um homo sapiens, masculino, jovem e cheio de resoluções de ano novo, mês novo, semana nova, dia novo...


Desde criança, calculava tudo: quanto dinheiro iria gastar por dia na cantina do colégio, quantas horas iria ficar com os colegas da rua jogando bola e até quantas horas precisaria pra terminar aquele jogo do Mega Drive. Era visto como chato, perfeccionista e metódico (coisa que foi muito importante profissionalmente, mas deixa isso pro futuro). Crianças crescem e outras ambições surgem. Queria fazer Medicina ou Direito, mas isso demandaria muito mais tempo de estudo para o temido vestibular - e consequente sacrifício do tempo de lazer. Por isso, acabou decidindo estudar coisas que gostava mais: artes, música, algo de esportes e o que mais gostava de fazer: calcular coisas. E continuava otimizando seu tempo, sempre que possível.


A vida adulta chegava e a cada ano que passava sempre se lembrava daquelas paixões infantis e adolescentes, nas quais via lampejos do que dizia ser a mulher perfeita na vida dele. Sempre buscou o tipo que ele diria ser o certo, mas zombavam. “Essa mulher não existe, cara... é uma busca sem fim! Vai acabar sendo um velho sozinho e amargurado, vai por mim”. Essas palavras sempre pesaram na sua cabeça mas desistir nunca foi uma opção. Claro, não era sozinho: tinha seus romances, uns namoros ditos por ele próprio como frustrados e algumas relações de curtíssimo prazo. Mas a vida seguia, isto não o incomodava e, ainda assim, nunca havia desistido da busca.


Tinha relativo sucesso pessoal e profissional, trabalhava com o que mais amava e vivia feliz. Se bem que “feliz” é um termo cheio de interpretações. Por várias vezes, entre amigos, os questionava se achavam que ele era feliz. Uns diziam que era, outros não podiam opinar e outros apostavam todas as fichas, dizendo que não era. Mas ele sorria, imparcial com a democracia caótica que instaurara. Era feliz? Talvez. Mas, se fosse, era de uma forma incompleta. Faltava aquele sonho de criança que via nos casais felizes e nos filmes bonitinhos que dizia achar “coisa de mulher”.
Acreditava que a busca um dia acabaria, mesmo, com fé (na busca, não em um “deus”). Acreditava ser capaz de achar aquela moça que ele sempre imaginava. Ela não tinha feições, mas era dotada de uma beleza ímpar. Sonhava com essa mulher genérica, com as qualidades que ele procurava: cuidando dos filhos, indo às reuniões de família e sendo felizes juntos. Os amigos e parentes iam casando, tomando seu rumo e todos perguntavam onde estava a “princesa das fantasias” dele. “Tá lá, cara... só esperando eu descobrir o caminho do castelo dela”. Fazia piada e via o lado mais engraçado de tudo, sempre. Mas as perguntas o faziam pensar se essa mulher realmente existia.

Mas desistir não era opção. Um dia ele a encontrará. Ela vai ser linda, doce, gentil. Vai ter seu lado mulherão também, claro! Vai ser a pessoa do jeito que ele calculou, do jeito que ele sempre viu fragmentos da mulher certa pra ele em outras mulheres. Não é uma mulher perfeita, ainda mais porque, como ele mesmo diz, “perfeição é um saco” e o temperamento dele jamais permitiria tudo ser perfeito. Mas vai ser a mulher que ele vai amar de um jeito que nunca amou ou amará outra mulher na vida. Terão filhos, serão felizes e viverão. Assim, no plural, como ele sempre calculou.

3 de julho de 2012

Loop

Não sei você, caro leitor, mas o que mais me irrita na humanidade são os humanos. Como eu costumo dizer, "odeio gente, mas abro exceções". E isso é tão saudável quanto pouco cômodo, porque a decepção cansa muito. Você fica calejado, aprende a apanhar na cara da vida... mas cansa. É algo que exaure o coleguinha.

O melhor é que, cedo ou tarde, acontece de alguém surgir na sua vida - amizade, trabalho, amor - e amortece isso de um jeito bom. E que continue amortecendo.

9 de janeiro de 2012

(Só) Mais Um Dia

É começo de ano. E tem um monte de gente que fica pensando -- durante a festa de virada enquanto todos se divertem -- no que vão fazer assim que mudar de 23:59 do dia 31 de dezembro para a zero hora do dia 1º de janeiro (eu). Pensa-se em fazer dieta, em comer mais, em parar de fumar, em fumar um cigarro mais forte, em beber menos, em beber mais (afinal, tem germes psicológicos que só morrem afogados em Heineken), em estudar mais, em viver mais. Enfim, sempre ouvimos falar sobre as resoluções de ano novo das pessoas, ainda mais quando somos "obrigados" a ler tudo o que as pessoas têm a dizer nas redes sociais.

A última noite do ano, pra mim, é só mais um dia que vira. Mas tem uma carga poética forte nesse bendito dia. Sempre me pego a pensar no que eu fiz de certo e errado (especialmente) no ano morimbundo. É uma coisa meio louca, em tese sem sentido. Daí penso que se eu tivesse a reflexão de Réveillon todo santo dia, eu não viveria. Então deixo guardado pra esse dia que não tem muito mais o que fazer.

Que todos os pedidos das pessoas se realizem, que as pessoas sejam mais felizes, mais ricas, comam mais (e se alimentem, também). Mas, acima de tudo, se tem uma coisa que eu peço é pra que parem de reclamar tanto da vida dos outros e olhe mais para a sua própria vida.

Sei lá, é só um conselho.

14 de abril de 2011

Chega dessa viadagem

Siiim, jovem leitor: o título é referente a uma reclamação ao excesso de zelo anti-homofobia E foi escrito assim mesmo, pra irritar. Sério, tô cansado desse mimimi, de toda essa visão deturpada que o mundo tá criando em em torno da intolerância - latu sensu mesmo.

Atingimos um limite, onde o Estado e alguns formadores de opinião se tornaram "babás ideológicas". Explico: tudo que se faz ou tem cerceamento do Estado ou de gente falando que isso é feio, bobo, chato e xixi-cocô. E isso, pra mim, está ERRADO. O Estado ou um "seleto" grupo não pode ter a ARROGÂNCIA de nos defenderem de nós mesmos.

Li no blog do Rica Perrone um texto - excelente, por sinal - sobre a punição do tal time de vôlei. A sua torcida chamou um jogador de "viado" e sofreu com isso. Recomendo a leitura do texto, aqui.

Algo que sempre pensei: por que nós lemos manchete como "Homossexual é atacado na Av. Paulista"? Por que diabos a manchete não é "Homem é atacado na Av. Paulista. A motivação, segundo investigações, foi a opção sexual do rapaz.". Sempre vêm com pedidos de igualdade, mas nunca se botam na tal posição de tratamento igual e usam sua opção como razão pra se rebaixarem. Tá tudo errado.

Ah... Eu tenho amigos gays e gosto deles(as). Eu só não aguento essa torração apologístisca do meu nobre saco. E sem viadagem nessa.

28 de março de 2011

Volta, Princesa Isabel!

É ótimo estudar algo que você gosta muito. É bom MESMO! Aprender sobre coisas com as quais você sempre quis trabalhar, se aprimorar, fazer sempre o melhor. Há uma recompensa pra tudo isso: chama-se pagamento -- tem a satisfação pessoal também, mas o foco é outro.

Sou técnico de áudio e minha formação superior em Publicidade. Duas coisas que sempre gostei, sempre me chamaram muito a atenção e com as quais sempre quis trabalhar. Estudei pra ter estas formações gravadas no meu currículo. Tudo bem, então, certo? As pessoas valorizam a formação e buscam esse tipo de gente pra ter uma equipe, não?! Não.

É sofrível o povo achar que, por algum motivo obscuro e desconhecido pela humanidade, você pode fazer algum trabalho que exige mais que o QI de um símio na realização de determinadas funções de graça. E isso acontece mais comigo quando trabalho com som. "Pô, cara, faz o nosso som de graça aí!", "Te pago com umas cervas, que tal?", "Trabalhando de graça agora pra gente vai te abrir muitas portas, sabia?" são algumas das frases que já ouvi por aí, entre várias outras. Pára, né?! "Ah, mas o mercado não tá tão bom assim...". Então desiste da música/fecha sua agência e vai abrir uma padaria/barraca de cachorro quente.

E tem aquela galera marota que acha que "amizade" paga as contas. Eu prefiro abrir mão de pouco dinheiro que denegrir o MEU trabalho, fazendo-o por menos. Na boa, o tempo de fazer os seus trabalhos do colégio porque você é preguiçoso ou inapto já passou, coleguinha. Se for pra contratar alguém ou se quiser um trabalho bem feito e elogiável, pague. E pague BEM.

No dia que qualquer um começar a trabalhar de graça, pelo simples "prazer" da profissão e sem poder pagar as contas, eu deleto este post.

Tema sugerido por @diasdeleao

P.S.: use o cometário para me cornetar/sugerir temas/vender seu carro usado.

Nós e os mestres

Desde o pré-primário convivemos com professores. Desde a "tia" do maternal até a entrega da monografia. E muita informação surge nesse tempo; aprendemos muito sobre muitas coisas, certo? Bem, "meio certo" talvez se aplica melhor.

Tenho casos e casos na minha vida acadêmica. Tive um professor que chegou e, explicando como se estruturava uma rede empresarial, disse para ligarmos o coiso no negócio (sic), minha aceitação de superioridade vinda destes caiu por terra. Tá, eu sei que errar é aceitável, mas pelo menos erra usando as PALAVRAS CERTAS, AMIGÃO!

E quando você chega e tira uma dúvida com um professor, considerado top, aquele que todo mundo queria ser em sala de aula, e ele solta uma baboseira sem tamanho? E o pior é você, no seu dever de cidadão, contestando o rapaz com fatos e informações de gente mais "sabida" e ele bate o pé e persiste no erro -- chamo esse caso de "Esfregando as próprias fezes na cara, repetidamente". Com muita razão -- e depois de um "barraco" por parte do ilustre professor -- substituíram o cara. Decisão genial e simples.

Não vim pregar que os alunos tão certos, sempre; muito pelo contrário! Mas pra ser professor, na minha humilissima opinião, tem que saber o que tá falando, certo? Cheguemos a um consenso quanto a isso. Obrigado. Os professores são, em tese, os responsáveis pela formação do nosso caráter. Muito se explica, então, do motivo de termos tanta gente cretina no universo.


Tema sugerido, de novo, por @alinevalek


P.S.: tem um link com o número de comentários aí abaixo. Use-o.

25 de outubro de 2010

A triste saga do técnico de áudio

Sério, país. Seres humanos sempre são capazes de me surpreender - e geralmente, de um jeito ruim. Fui chamado pra fazer uma gravação ao vivo pra uma banda que quer participar de um festival. Daí o cara fala que quer algo "semi-pró". E então começa a luta...

Por que diabos os músicos, grosso modo, insistem em usar termos que não sabem? Primeiro, semi-profissional você faz em casa, SEM A AJUDA DE UM FILHODAPUTA de um profissional! Segundo, (!#$(!@%!*@#(!@#51!%#@$@!# - termos técnicos que não ajudam ninguém e o animalzinho nem conhece.

Se a profissão fosse um pouco mais valorizada, eu estaria rico hoje...